TEMÁTICO - DESFILE FARROUPILHA 2012

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

FESTEJOS FARROUPILHAS 2011 - TEMÁRIO

O temário proposto para os Festejos Farroupilhas 2011 foi aprovado pela
Comissão Estadual, no mês de dezembro de 2010 e homologado pelo Congresso
Tradicionalista Gaúcha, do MTG, em janeiro de 2011.
A proposta é bastante abrangente e tem como objetivo explorar a história
do Rio Grande do Sul e buscar, em alguns episódios e períodos, indicadores da
identidade do povo gaúcho. Rebuscar a história e retirar dela os aspectos que
melhor retratem a formação sócio-cultural do nosso Estado é tarefa que não se
esgotas nesse ano de 2011, mas haverá de nos ajudar a entender um pouco mais a
nossa identidade cultural regional.
Cada município do Estado ou cada microrregião poderá aprofundar um ou
mais tópicos entre os que estão sendo propostos neste temário. Esse
aprofundamento se dará em função da característica local, especialmente pela
predominância ou influencia maior de uma ou de outra etnia.
Para bem desenvolver a idéia de explorar as raízes da formação sóciocultural
do gaúcho sul-rio-grandense foram selecionados os seguintes momentos
da nossa história:
1. OS JESUÍTAS NO TERRITÓRIO GAÚCHO
As reduções jesuíticas constituídas entre 1626 e 1641. A introdução do gado
pelos Pe. Cristovão de Mendonça e Pedro Romero, o que resultou nas vacarias do
Mar e dos Pinhais, além do uso do cavalo na lida campesina.
A ação dos Bandeirantes apresando índios reduzidos e expulsando os
Jesuítas.
Mais tarde, com o retorno dos jesuítas ao território temos a formação dos
Sete Povos das Missões. Deste segundo momento podemos explorar a questão da
religiosidade, da expansão da erva-mate, as esculturas e a música (1682 a 1756).
Importante estudar a Guerra Guaranítica (1754-1756) e suas consequencias.
2. A TERRA DE NINGUEM
O período compreendido entre a chegada dos jesuítas e a chegada dos
portugueses caracterizou-se pela ausência de governo, de regramento e de
organização mínima daquela “sociedade” que começava a aparecer, com
predomínio da exploração do gado e o comércio do couro. Surge aí o tipo humano
denominado “gaudério”, depois batizado de gaúcho. Foi nesse período que os
portugueses instalaram a Colônia do Sacramento (1680), às margens do Rio da
Prata e intensificou-se a movimentação de tropas entre Laguma e o Sacramento,
especialmente pelo litoral.
Surge, no cenário, Cristóvão Pereira de Abreu que é considerado o primeiro
tropeiro. Esse tropeiro abre o primeiro caminho para levar tropas de gado e mulas
do Rio Grande do Sul para a Província de São Vicente, hoje São Paulo. Era o início
do tropeirismo.
3. FUNDAÇÃO DA PROVÍNCIA
A província de São Pedro do Rio Grande do Sul começa a tomar forma com a
chegada de Silva Paes e a fundação de Rio Grande (Forte Jesus-Maria-José) – 1737;
Aprofunda-se a iniciativa portuguesa de ocupação do território (também
reivindicado pelos espanhóis) com a distribuição de sesmarias e a organização das
estâncias. É a partir daí que são plantadas as bases sociais e econômicas do Rio
Grande do Sul.
Depois de Rio Grande, foi fundado Rio Pardo e, ali, surge a figura de Rafael
Pinto Bandeira e sua atividade militar na defesa do território contra as invasões
castelhanas: Rio Pardo, a tranqueira Invicta.
4. OS AÇORIANOS E A FUNDAÇÃO DE PORTO ALEGRE
O tratado de Madri (entre Portugal e Espanha) previa a troca da colônia do
Sacramento pelos sete Povos das Missões, o que resultou na Guerra Guaranítica.
Os portugueses planejaram ocupar as Missões com casais de açorianos e implantar
na região uma espécie de colônia agrícola.
Os açorianos chegaram a partir de 1751 e não puderam ser enviados para as
Missões em função da Guerra, permanecendo na região litorânea e nas
proximidades do Porto do Dornelles, fundando o Porto dos Casais, hoje Porto
Alegre, a Capital do Estado. Eles ocuparam, também, as margens dos rios Jacuí e
Taquari, fundando cidades como Triunfo e São Jerônimo.
A agricultura ganhou impulso com os açorianos que se dedicaram ao cultivo
de culturas como o trigo, milho e feijão. Os açorianos influem muito na
implantação da cultura da família (a clã), até aquele momento praticamente
desconhecida pelos habitantes que lidavam com o gado numa vida sem paradeiro.
Dos açorianos temos muito das nossas músicas, danças, culinária, fé religiosa e
modo de vida.
5. ÉPOCA DAS CHARQUEADAS (1780 – 1840)
A lida com o gado ganha um ingrediente importante a partir das
charqueadas. Essa foi a primeira e mais importante indústria do Estado. Por largo
período o Estado teve nas charqueadas seu motor econômico mais significativo.
É no período das charqueadas que o uso dos rios e lagos como meio de
transporte ganha impulso, especialmente entre Porto Alegre e Pelotas,
A economia passa a depender da força de trabalho dos negros escravos
trazidos para as charqueadas. Foi um período de grande crescimento econômico,
especialmente de Pelotas e Rio Grande, mas também foi o período triste se
analisado do ponto de vista humanitário ou do direito natural dos homens. Os
negros foram tratados como simples animais nas charqueadas.
6. A ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA PROVÍNCIA
Em 1807 foi criada a Capitania de São Pedro abrangendo todo o território ao
sul da Capitania de São Paulo.
Em 1809 chega o primeiro governador, D. Diogo Martim Afonso de Soza
Teles de Menezes, com o que a província de São Pedro do Rio Grande do Sul ganha
uma administração própria. Sob o ponto de vista da administração pública, esse é o
momento em que o Estado adquire autonomia.
Surgem, em 1809, os primeiros quatro municípios: Porto Alegre, Rio Grande,
Rio Pardo e Santo Antonio da Patrulha.
A partir da organização administrativa da Província, a Capital, Porto Alegre,
se desenvolve e começa a ganhar contornos de modernidade com o surgimento de
prédios e de uma arquitetura própria.
Outro episódio importante daquele primeiro quarto do século XIX, é o
desaparecimento da Província Cisplatina e o surgimento do Estado Oriental do
Uruguai (1828). Destaca-se para isso a Guerra da Cisplatina. O episodio mais
significativo dessa guerra foi a Batalha do Passo do Rosário, não somente por ter
protagonizado a maior concentração de tropas já vista na America do Sul, mas
pelas suas conseqüências políticas.
7. COLONIZAÇÃO – PRIMEIRA FASE
Imprescindível para a compreensão da identidade regional é reconhecer a
importância da colonização do território por europeus. Primeiro chegam os
alemães. Estabelecidos inicialmente na Real Feitoria do Linho Cânhamo (1825),
hoje São Leopoldo, expandiram-se para o norte e oeste, ocupando grande parte
dos vales.
Foram os alemães que implantaram as primeiras indústrias (artesanato) no
território gaúcho.
Podemos destacar, além da culinária, também a música, a dança e o espírito
do cooperativismo trazido pelos alemães. A nova “ética do trabalho” também se
deve aos imigrantes.
7. REVOLUÇÃO FARROUPILHA
Episódio considerado como marco fundador da identidade regional, a
Revolução Farroupilha teve início em 1835 com a tomada de Porto Alegre. Vale
estudar as causas dessa revolução e o papel que a maçonaria desempenhou no
fomento do conflito.
A figura de Antonio de Souza Netto que patrocinou a proclamação da
República Rio-Grandense (1836) merece ser bem estudada. Bandeira e Hino o hino
da República Rio-Grandense foram uma conseqüência da proclamação de Netto.
O episódio da tomada de Laguna e a criação da República Catarinense (1839)
merecem destaque pelo significado político: os farroupilhas pretendiam implantar
no Brasil uma República Federativa, integrada pelas províncias autônomas.
O fim da revolta no ano de 1845, sem que os objetivos fossem alcançados,
mas com conquistas importantes consubstanciadas naquilo que passou para a
história como Paz de Ponche Verde, assinada nos campos de Dom Pedrito.
8. NA DEFESA NACIONAL
A tônica da história do Estado foi a defesa do território contra os interesses
castelhanos. A Guerra contra Rosas (1850) é um marco importante nesse mister.
Os mesmos farroupilhas que haviam lutado contra o Império Brasileiro foram os
que defenderam o Brasil contra as pretensões expansionistas do ditador argentino.
A Guerra do Paraguai (1865-1870) foi outro episódio importante. Os gaúchos
formaram vários “Corpos de Voluntários da Pátria” para a formação do exército da
Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai), combatendo o Paraguai e seu ditador
Solano Lopes.
Depois da Guerra do Paraguai tem início da modernização do Brasil e do
Estado, com a implantação das estradas de ferro. Houve a partir de então uma
significativa melhora nos transportes e na integração do território.
9. REVOLUÇÃO FEDERALISTA
No ano de 1889 instala-se a República Brasileira. O fim do Império dá início a
um novo momento político. No Estado há uma intensa disputa pelo poder.
As figuras de Julio de Castilhos e de Gaspar Silveira Martins surgem como
estrelas da disputa política o que resultou na Revolução Federalista. A “guerra da
degola”. Pica-paus e maragatos mancharam o território com o sangue dos gaúchos.
Duas ideologias, duas facções, dois interesses convulsionaram o Estado por dois
anos (1893-95). No final, a implantação da administração positivista.
No ano de 1892, o Corpo Policial é extinto e no seu lugar surge a Brigada
Militar como um exército estadual.
10. A COLONIZAÇÃO – SEGUNDA FASE – COMPLETA-SE O GHAÚCHO
A chegada dos Italianos no ano de 1875 marca a ocupação do último grande
espaço territorial: a serra. Com sua força de trabalho, os italianos plantam cidades
e imprimem um novo ritmo para a economia do Estado. Culturalmente contribuem
com as suas danças, música, culinária, festas de comunidade e crença religiosa.
Nesse período temos também a chegada de imigrantes Poloneses,
Holandeses, ucranianos e outros grupos que, se não ocuparam grandes áreas,
foram e são até hoje importantes para muitas comunidades do Estado. Neste ano
de 2011 comemora-se o centenário da imigração Holandesa no Brasil. É o ano da
Holanda no Brasil.
11. GAUCHISMO: CULTO E PRÁTICA
A identidade gauchesca começa a ser estudada, compreendida e difundida,
mesmo que de forma romântica, com o surgimento do Partenon Literário em Porto
Alegre (1868). Foi naquela “confraria” que surgiram os primeiros escritores e
poetas valorizando o gaúcho e sua cultura;
Mais tarde surge a figura de João Cezimbra Jacques que capitaneou a
fundação do Grêmio Gaúcho (1898). Foi essa a primeira iniciativa de organização
social, como um clube, para resgatar e preservar aspectos importantes da cultura
gauchesca.
Em seguida foi a vez de João Simões Lopes Neto fundar a União Gaúcha de
Pelotas (1899), seguindo-se uma série de clubes gauchescos pelo Estado.
Foi no ano de 1947 que toda a experiência acumulada desde o Partenon
Literário, que resultou na primeira Ronda Gaúcha no Colégio Julio de Castilhos, o
episódio de 5 de setembro com “O Grupo dos 8” e, depois, já no ano de 1948 o
surgimento do 35 CTG que deu o modelo seguido por inúmeros outros Centros de
Tradições no Estado e fora dele.
Em 1966 foi criada a Federação dos CTGs, denominada movimento
Tradicionalista Gaúcho, o MTG.
Hoje são mais de 3.000 CTGs, espalhados pelo mundo, reunindo pessoas
(gaúchos sul-rio-grandenses e outros gaúchos) cultuando, valorizando e difundindo
a cultura gauchesca e consolidando a identidade do gaúcho, fruto da sua trajetória
histórica. O gaúcho é um tipo cultural, formado por inúmeras etnias e aspectos
culturais herdados dos índios, espanhóis, portugueses, negros, açorianos, alemães,
italianos, poloneses, holandeses ... e mestiços de toda ordem.
MANOELITO CARLOS SAVARIS
1º VICE-PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DA TRADIÇÃO GAÚCHA

Nenhum comentário:

Postar um comentário